quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Vazio






_ Acho que preciso sair mais, curtir mais. Sabe, sempre tenho problemas para tudo, nunca a solução. Quando parece ter uma luz no fim do túnel, ele fica mais longo, a saída mais estreita. Sou cercado de muitas pessoas, porém, às vezes me sinto sozinho. Conheço muita gente, mas tenho poucos amigos verdadeiros. Aqueles que você sabe que por mais distante que estejam, vão sempre estar lá.

_ Tem aquelas pessoas que eu daria a vida, será que fariam o mesmo? Acho que sim, alguns tenho certeza, outros nem tanto. Queria reencontrar alguns poucos, dar o abraço mais apertado que puder. Um abraço que esperou anos para ser dado, contou as horas para acontecer.

_ Metade de mim partiu, foi para longe há muito tempo. E não mais voltou, aguardo ansiosamente para me completar outra vez. Para que esta metade retorne, se ela não voltar, eu a busco. Vou até os confins do universo atrás dela. Pois sei, que ela está a fazer o mesmo.



quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Conselhos



Por que todos vêm me pedir conselhos? Experiência própria ( dãã ) não sou o melhor conselheiro do mundo. Sabe sou meio radical, “ou vai ou racha”, “8 ou 80”. Algo meio que assim, às vezes da certo, outras não, na maioria dá. Mas ninguém se prende ao risco de não dar, e quando não funciona, ah meu amigo! Daí ferra tudo, de vez, sem volta.

Conselhos amorosos então chovem perguntas! Meu, é complicado entender a mim, como posso ser digno de ajudar você? Sabe, sou muito feliz de minha relação ser ótima, às vezes fica um pouco tenso, mas sempre resolvemos. Se eu “consigo”, por que você não?

O pior (ou melhor, depende do ponto de vista) é que sou sincero nos conselhos e nas opiniões sobre a situação-problema. Nem todos ficam felizes e alegres com minhas opiniões, às vezes acabo piorando tudo, tenho de resolver agora o seu e o meu mais recente problema, que no caso é você. Uma problemática muito complexa para mim, algo meio que rumo ao suicídio.

O pior é que apesar de tudo, continuam a perguntar, perguntar e perguntar. EU quero respostas, não dá-las, afinal, não as tenho para mim! Por incrível que pareça, sempre as tenho para os outros, é mágico, paradoxal.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Rotina de um garoto globalizado




Acordar, virar para o lado, dormir. Acordar, levantar, olhar a hora. Atrasado novamente, por que nunca sempre tenho de dormir mais um pouco? Contrariando meu horário, ligar o computador. Inicializando, vagando como morto-vivo, ir até o banheiro. Olhar no espelho, ver novamente aquela figura derrotada de sempre.

Tomar banho, ainda molhado, olhar novamente para o espelho, “você é o cara”. Quase seco, ir cagando o chão com pingos d’água até o quarto, ver se o computador ligou. Devidamente ligado, entrar no orkut para ter informações de amigos, afinal, o mundo pode estar acabando. O frio entra pela janela e toca minha pele ainda úmida, frio. Vestir-me? Claro que não, Internet! Fechar a janela.

Armageddon à parte, vestir-se. Ir até a sala, topar com a mesinha, comer alguma coisa.
Voltar para o quarto, no caminho xingar a mesinha, procurar algo para fazer. Horas a fio tentando matar o tédio, entre uma tarefa e outra, esperar o tempo passar. Deu a hora.

Alegremente, todo serelepe e pimpão, arrumar a mochila para a escola, ir até a sala pegar um ou outro caderno jogado, topar com a mesinha novamente. Na volta dar uma bicuda na mesinha e trocá-la de lugar. Pegar a camisa, colocar a camisa, quase arrancar metade da orelha junto com o piercing enquanto passa a cabeça pela gola. Olhos cheios de lagrimas, ir ao banheiro. “Você é o cara”, arrumar o cabelo – por mim está arrumado, pela minha mãe, parece que um boi mastigou.

Jogar a carteira na mesa de jantar, como num ato de “põem dinheiro ai”, para a primeira alma solidária que vir. Ir até a porta, ver se está frio. Pegar a carteira e ir embora. Perder o ônibus, ver que o motorista “de sempre” passou mais cedo rindo de você, correndo até a esquina. Quase ser atropelado tentando atravessar quatro pistas tudo isso para chegar ao ônibus que já havia ido. Sentar no gélido banco de metal do ponto, banco esse que o gênio criador fez em um ângulo de 45º, para sua bunda ficar doendo.

Pegar o ônibus, que só existe com ar-condicionado, e como o dia estava frio o mesmo encontrava-se desligado. Outro gênio foi o ser que criou as travas para as janelas, não deixando que as mesmas sejam abertas, obrigando você a respirar o mesmo ar que todos naquele veículo.

Descer do ônibus ainda em movimento “para tirar onda”, catar cavaco e pisar na poça, melecando metade da calça. Parar na pastelaria comprar um kibe, olhar o relógio e sair correndo. No meio do caminho perceber que a “china” deu-lhe o troco errado, e que agora é inviável a volta à pastelaria, cinqüenta centavos mais pobre.

Quase ser morto por um motoqueiro sanguinário ao atravessar a rua. Portões fechados, jogar a lábia no inspetor, adentrar no mundo do conhecimento. Horas e horas de dedicação intelectual (adoro joguinhos de celulares). Bate o sinal do intervalo, se antes entrei no mundo do conhecimento, agora vejo o submundo dele. Amigos pra lá, amigos pra cá, amigos. O lanche mais uma vez intragável, sento-me, bate o sinal, levanto-me, um “poooorra, já!?” ecoa ao fundo. Mais uma bateria de exercícios complexos e problemas gigantes (to ficando bom no Tetris). Contagem regressiva para o final.

Dessa vez quase atropelado pela turba enfurecida que se dirige à saída. Uma avalanche de corpos pela a escada, uma bolinha de papel no olho de um terceiro. Piadinhas com os amigos na volta, música alta, sempre dou a sorte de sentar na janela, sem casaco...Frio da porra.

Chego em casa, com fome e sem sono, o primeiro é mole de se resolver, comida! Banho, e mais um pouco de entretenimento saudável e intelectual – MSN, Orkut... – Finalmente, deitar, sim deitar, ainda leva um pouco para dormir... Quase dormindo, um facho de luz adentra meu quarto, “cacete...”, encostar mais a janela. Deitar; quase dormindo, gatos brigam lá fora, “cacete...”, dar uns berros na janela. Deitar, quase dormindo, celular toca, “cacete...”, atender, trote, “cacete...”. Deitar, quase dormindo, despertador toca, “acordar”, “cacete...”.